Mais um ataque contra a arborização urbana

Mais um ataque contra a arborização urbana 
Desta vez licenciada pela SMMA, mas feita na madrugada, o que não dá para entender. Se estava licenciada, porque fazer longe dos olhos da população, durante a noite?
Esta pergunta se faz, quando pela manhã, as pessoas encontram uma árvore abatida de forma criminosa, por que havia 'prejudicado' a calçada em menos de meio metro quadrado. 
O que procuro explicação, qual avaliação foi feita, se pelo 'padrão de cores', quando um prédio de cor laranja, tinha em frente um destaque maior o Verde das copas de legustros ali plantadas mais de décadas, ou se fora avaliada a importância da árvore do ponto de vista biológico, ecológico, de patrimônio ambiental de todos na cidade. Na versão mais técnica e burocrática, a lei permite, paga-se a taxa e suprime-se então a árvore 'pública', para destacar o prédio 'privado' e a cor laranja suponho, pois a calçada poderia ser consertada, ter sido feito uma proteção e abertura da calçada em torno do tronco para ela se adaptar ao novo ambiente daquela 'nova' calçada que suponho será feita, quem sabe embelezando até a frente do prédio. 
Mas não, a visão foi de ser feita uma correção e quem sabe 'aparecer' melhor o prédio do Boliche, antigo Bolão e Bochas, me parece é o que prevaleceu. 
Mas aquela árvore, mesmo abatida tem sua serventia para abrir um debate que há anos é necessário, visto diversas figueiras terem sido abatidas, mesmo imunes ao corte por lei estadual, durante anos na cidade. Uma figueira, algumas centenárias até, tem um valor ambiental muito maior que um legustro, planta usada em arborização urbana. 
Quando se observou aquelas árvores em frente ao novo prédio, que 'heroicamente' foi resgatado pelo Clube Aliança, com nova direção, e de que elas haviam sido podadas recentemente, afastando-se sua copa do prédio, que pode ser pintado e ganhado mais destaque na avenida, entendi que haviam feito um bom trabalho, prevaleceu a vida de uma espécie vegetal, que estão desaparecendo das ruas, umas até 'maldosamente' afetadas com aplicações de agrotóxicos e sal grosso. 
Alguns anos atrás, em frente um prédio público, sede do CRAS, após reformas, foram arrancadas duas espatodéias e uma goiabeira, carregada de frutos, árvores adultas e que após as criticas, disseram iriam plantar novas mudas de árvores, pois aquelas, no meu entender, escondiam a nova fachada e a placa nas paredes, era a única explicação, pois da mesma forma, poderiam consertar a calçada sem afetar as árvores. 
Até hoje o local onde seriam replantadas árvores, próprias para calçada, não foram ocupadas, o que não entendo, pois havendo espaço de sobra nas calçadas, a necessidade de arborizar as ruas, educar a população para ajudar e cobrando mudas de árvores para compensar aquelas abatidas, onde estão estas árvores para reporem a cobertura vegetal nas ruas de Tapes? Em Arambaré, onde as figueiras são árvores protegidas e homenageadas, um galho de uma destas árvores centenárias, tombou e interditou uma rua da cidade, que teve seu trânsito desviado para outras ruas, pois prevaleceu a lógica da importância daquela vida no contexto do turismo local, onde ainda se tem praias, areia, natureza e atrativos que trazem milhares de turistas aquela cidade em nossa região. Muitos tapenses até fazem turismo por lá. 
Assim, como em Rapa Nui, aquele povo da Ilha de Páscoa que abateu todas as árvores de seu mundo e descobriu depois sua utilidade para sombra, fruto, oxigênio, chuvas e outras dádivas; entendo que a extinção deste povo começou quando não mais havia sentimento pela terra, apenas havia competição, lucros e o desastre anunciado. 
Por Júlio Wandam
Fonte: REDE Os Verdes/via Facebook

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