As Polêmicas e os Lixões de Tapes

(Lixos de entulhos na zona urbana, com lâmpadas fluorescentes entre os materiais descartados)
Lendo a edição do Tribo News (junho/2008), encontro artigo do estudante da UERGS, Rafael Fernandes (página 03), sobre a “suposta” polêmica das Carroças, o Lixão e o Desemprego, onde entabula algumas considerações sobre a questão dos resíduos sólidos urbanos da cidade, e supõe que haverão polêmicas acerca da “idéia” do uso de carroceiros e carroções para o trabalho de coleta dos lixos urbanos, pois se pretende, segundo ele, que venham a ser implantados um “conjunto de ações que pretende transformar a coleta e o destino final dado ao lixo”, coisa que todos concordam deva ser feito, e não haveria, sob meu ponto de vista, alguma objeção da população quanto a intenção da Administração de fazer a coisa certa.

Quando recorda que em países Europeus esta “idéia” é colocada em prática por inúmeros resultados “ecologicamente corretos”, lembro que décadas atrás, o eminente político e atual Secretário da Fazenda de Tapes propôs quando Vereador que fosse adotado este meio de transporte não poluente para coletar o lixo, fazer a segregação em galpões e posterior lucros com essa forma de ganhar dinheiro. Naquela época a crítica era mais virulenta, e vinha dos meios conservadores que o acusaram de querer sujar a cidade com as “bostas” dos cavalos. E a idéia foi para o limbo e o Lixão da Camélia continuou sendo entupido de lixos. Voltando ao presente, hoje vêmos a cidade rumando para uma proposta eqüino-social de uma “Cidade dos Cavalos”, e a idéia de uso dos cavalos e carroceiros sendo oferecida como solução ao problema do lixo.
Mas, como bem lembra também o articulista do Tribo News, a solução que se inicia em casa, na origem do descarte dos resíduos ainda não está sendo feita para que o projeto atinja o objetivo finalístico, que é o lixo de qualidade para o propósito de venda da matéria-prima reciclável. Neste caso, a Educação para a Reciclagem é premissa básica e até nos jardins de infância é válida a adoção de novo comportamento e nova atitude ao lançar “lixos” que não são lixos na “lixeira” certa. E sobre as polêmicas em relação ao proposto, não as ví, e por isto pensei nas outras polêmicas que ainda estão sendo mantidas, como o Lixão da Camélia recebendo há dois anos lixos sem licença do Órgão Ambiental do Estado, a FEPAM, com uma suposta “autorização” dada pelo Ministério Público em que não se sabe o prazo e as condições para esta permissão.
Outra polêmica pode ser a recente “intimação” para a Prefeitura parar de despejar lixos naquele local junto as matas nativas e Butiazeiros, e que não vejo estar sendo cumprida e não se sabe também as condições que foram escritas ou ditas. E tem mais polêmicas com a questão que envolve lixos e falta de atitudes, uma delas é o início das operações na Usina de Triagem que está recebendo lixos misturados, descumprindo a L.O. Nº 056/2007 que prevê apenas lixos separados na origem e coletados seletivamente. Esta sim é uma das polêmicas das quais os vizinhos da Usina estão fermentando e colocando em risco a “solução” que não se vê.
Sobre outros lixões e polêmicas, os leitores devem recordar do lixão da Estação de Tratamento de Esgotos e o mais recente lixão da Pinvest. Têm também o lixão das Capivaras, que fica no extremo sul de nosso território, em que os moradores há anos despejam lixos junto a um banhado na beira da estrada.

Sobre a exploração dos animais para uso na coleta dos lixos, preocupa-me saber que ainda hoje, com os cavalos sendo usados para carregar areia, muitos deles estão magros, doentes e recebem mau tratamento de seus donos, e falta ainda política de bem estar animal para a cidade que pretende “reverenciar” os cavalos.
E quanto a recuperação da área do Lixão da Camélia, espero que inicie quando a Justiça determinar seja fechado este lixão, que há 24 anos polui o meio ambiente, e mesmo já tendo sido inúmeras vezes anunciado o fechamento, está faltando alguma coisa para que isso aconteça, e não se sabe se é por omissão, conivência, incompetência ou o “padrinho é forte demais” para que esta situação perdure e ainda corra-se o risco de se manter até a abertura do Aterro Sanitário Intermunicipal junto ao Distrito Industrial.
Julio Wandam
Ambientalista

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